Livro: O imbecil coletivo – Olavo de Carvalho
Eunice Torres Nascimento
10/22/20251 min read


Há livros que não buscam agradar, e sim despertar. O Imbecil Coletivo, de Olavo de Carvalho, é uma dessas obras que convidam o leitor a pensar de maneira independente, a desconfiar das verdades prontas e a recuperar o gosto pelo raciocínio profundo. Publicado em 1996, o livro reúne ensaios que tratam do empobrecimento do pensamento crítico e da superficialidade intelectual que, segundo o autor, tomou conta do debate público brasileiro.
Ao longo da leitura, percebi o quanto o autor se mostra impaciente com a passividade intelectual. Sua escrita é firme, repleta de ironia e referências filosóficas que demonstram um vasto repertório cultural. Não é um texto simples. É exigente, às vezes incômodo, e justamente por isso tão necessário. Em um mundo onde opiniões são reproduzidas sem reflexão, o livro funciona como um convite à coragem de pensar com autonomia.
Há passagens que soam duras, mas trazem uma lucidez difícil de ignorar. Quando Olavo escreve que “a burrice não é falta de inteligência, mas recusa do esforço intelectual”, somos lembrados de que pensar requer disciplina, leitura e humildade para reconhecer o que ainda não sabemos. Essa é, a meu ver, uma das grandes mensagens do livro: a busca pela clareza é uma forma de honestidade consigo mesmo.
Concordar com o autor não é o objetivo principal. O que realmente importa é permitir-se o diálogo, a reflexão e, sobretudo, o desafio de compreender o raciocínio do outro sem preconceitos. O Imbecil Coletivo é, portanto, mais do que um livro de crítica, é uma provocação à consciência.
Fechei a obra com a sensação de ter lido alguém que, independentemente do tom ou das controvérsias, acreditava no poder transformador da inteligência. Para quem gosta de textos que instigam, que incomodam e que exigem mais do leitor, esta é uma leitura que vale o esforço. É um lembrete de que pensar continua sendo o ato mais livre que existe.