Livro: A Revolução dos Bichos, de George Orwell
RESENHA
Eunice Torres Nascimento
10/29/20251 min read


Entre porcos, cavalos e ovelhas, George Orwell constrói uma das mais poderosas alegorias políticas da literatura moderna. A Revolução dos Bichos começa com um sonho: os animais da Granja do Solar se rebelam contra os humanos, desejando um mundo mais justo, onde todos sejam iguais. O ideal é simples e puro, mas logo o poder mostra sua face mais cruel.
Napoleão, o porco que ascende à liderança, representa o autoritarismo mascarado de boas intenções. Bola de Neve, seu rival, encarna a inteligência e o idealismo sufocados pela ambição. Já Sansão, o cavalo trabalhador e leal, é o retrato do povo que acredita, que obedece e que paga o preço da ingenuidade. Cada personagem é um símbolo, e é impossível não enxergar neles reflexos de nossa própria sociedade.
A narrativa, apesar de curta e escrita em linguagem simples, é de uma profundidade inquietante. Orwell não fala apenas sobre regimes ou ideologias, fala sobre a fragilidade humana diante do poder, sobre como a história se repete sempre que esquecemos nossos princípios.
Ao terminar a leitura, o eco de uma frase permanece: “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros.” E é nessa ironia que o autor nos deixa refletindo sobre o quanto, ainda hoje, seguimos trocando nomes, mas mantendo as mesmas estruturas de dominação.
A Revolução dos Bichos é um lembrete atemporal de que liberdade e consciência andam de mãos dadas. Sem uma, a outra é apenas ilusão.
Dica extra: a história também ganhou adaptações cinematográficas. Uma das mais conhecidas é o filme Animal Farm (1999), disponível na plataforma Amazon Prime Video. Vale assistir após a leitura e perceber como as metáforas de Orwell ganham nova força nas telas.