Lançar luz para transformar: reflexões sobre o “Dia da Consciência Negra”
DIREITOS HUMANOS
Eunice Torres Nascimento
11/20/20252 min read


O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, marca a morte de Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo da história do Brasil e símbolo da resistência negra contra a escravidão. A data é um marco histórico e político, pois reconhece a luta de milhões de pessoas negras que construíram este país sob violência, opressão e silenciamento. Ela também nos lembra que os quilombos foram espaços de organização social, liberdade e afirmação identitária, fundamentais para compreender as raízes da nossa formação enquanto nação.
Mais de um século após a abolição formal, o Dia da Consciência Negra nos convoca a lançar luz em direção a uma realidade que ainda insistimos, como sociedade, em não enxergar por completo, nos convida a refletir sobre o Brasil que somos e o Brasil que queremos construir. Este dia não existe para dividir, mas para trazer à tona aquilo que por muito tempo ficou ocultado, isto é, a persistência de desigualdades naturalizadas, histórias silenciadas e trajetórias que precisam ser vistas com dignidade. Além disso, a urgência de reconhecer que o racismo estrutural não é opinião, e sim fato.
Nessa direção, dados do IBGE dos últimos anos mostram que pessoas negras representam 75% das vítimas de homicídio no Brasil, e estudos educacionais recentes apontam que jovens negros têm 2,5 vezes mais chances de abandonar a escola em comparação com jovens brancos. Assim, quando olhamos para os números, percebemos que a sombra do racismo sistêmico ainda se projeta sobre a vida de milhões de brasileiros. São estatísticas que não apenas informam, mas interpelam, exigindo ação e compromisso.
Portanto, esse é o momento para entender que a construção de um país mais justo exige políticas que ampliem oportunidades reais, representatividade e acesso a direitos; exige escolas que assumam o compromisso de contar a história do Brasil com verdade; exige espaços de poder que acolham e respeitem a diversidade racial que compõe nossa nação. Reafirmar esta data é reafirmar a escolha por uma sociedade que decide enxergar sua própria história e transformá-la. Porque não há democracia plena enquanto parte do nosso povo ainda caminha na sombra, lutando todos os dias para ser vista, respeitada e tratada com dignidade.