Cuidar de quem ensina: um compromisso com a saúde mental dos professores

No Dia dos Professores, é preciso reconhecer mais do que o trabalho de ensinar. É tempo de olhar para o ser humano que sustenta a sala de aula, aquele que transforma conhecimento em afeto, e esperança em aprendizado. Neste dia, além de celebrar o professor quero também falar sobre sua saúde mental, um tema urgente e que precisa sair do silêncio.

Penso que ser professor no Brasil seja um ato de resistência, pois as notícias mais recentes revelam uma realidade preocupante; segundo levantamento da revista Você S/A, mais de 150 mil professores da rede pública foram afastados por motivos ligados à saúde mental, principalmente esgotamento emocional, depressão e burnout. Essa estatística confirma o que muitos docentes já sentem no cotidiano, com uma rotina marcada por pressões constantes, cobranças por resultados, sobrecarga de tarefas e, muitas vezes, desrespeito e falta de apoio emocional. Não é difícil ver que o trabalho que deveria ser fonte de realização tem se tornado, para muitos, um caminho de exaustão e que, quando um professor adoece, o impacto não é apenas individual. Na verdade, cada afastamento reflete na sala de aula, na aprendizagem dos alunos e na qualidade das relações humanas dentro da escola.

Em síntese, não há educação de qualidade sem professores saudáveis e emocionalmente equilibrados, uma vez que a saúde mental do educador é o alicerce que sustenta todo o sistema de ensino, isto é, quando o professor está bem, o ambiente escolar se torna mais leve, mais criativo e mais humano. Nesse sentido, é urgente que escolas e governos olhem para essa realidade com seriedade, até porque cuidar da saúde mental dos professores não é um favor, é um dever coletivo. Assim, é preciso oferecer apoio psicológico, reduzir a burocracia que consome tempo e energia, e garantir que os espaços de ensino sejam também espaços de acolhimento. Além disso, é fundamental investir em condições dignas de trabalho, reconhecimento profissional e políticas que valorizem a docência de forma efetiva.

No Dia dos Professores, minha homenagem mais sincera é o anseio de que essa realidade mude. Desejo que cada gestor, cada família e cada estudante compreenda que o professor não é apenas quem ensina — é quem carrega em si o poder de transformar o mundo. Mas, para seguir transformando, ele também precisa ser cuidado, respeitado e ouvido.