ALFABETIZAÇÃO – Primeiro passo para a construção de uma sociedade mais justa e segura
EDUCAÇÃO
Eunice Torres Nascimento
11/14/20252 min read


Alfabetizar é entregar para a criança a primeira chave de acesso à cidadania. No Dia da Alfabetização, é importante lembrar que todo o nosso sistema educacional começa – e se sustenta – nessa etapa. Uma criança alfabetizada compreende o mundo, lê o próprio nome, entende avisos, leis, direitos e deveres. Um país que decide alfabetizar bem suas crianças está, na prática, reorganizando o futuro, isto é, melhora a qualidade da escola, reduz desigualdades e fortalece a própria democracia.
Estudos internacionais[i] são claros ao atestar que investir fortemente na aprendizagem nos primeiros anos, especialmente em leitura, é uma das políticas educacionais mais eficientes e de melhor custo-benefício. Quando a criança aprende a ler com compreensão na idade certa, ela tem mais chances de seguir estudando, concluir etapas posteriores e ter melhores oportunidades de trabalho e renda ao longo da vida. Isso quer dizer que cada sala de aula alfabetizando com qualidade é também um espaço de prevenção à evasão escolar, ao desemprego e à exclusão social.
É nesse sentido que a relação entre educação e segurança pública não é abstrata, uma vez que pesquisas em vários países mostram que o aumento da escolaridade e a melhoria da qualidade da educação têm impacto direto na redução de crimes. Adultos que estudaram por mais tempo e desenvolveram competências cognitivas e socioemocionais têm menor probabilidade de se envolver em delitos, porque aumentam suas perspectivas de trabalho, renda e pertencimento social. Em outras palavras, alfabetizar bem hoje é, também, construir políticas de segurança pública inteligentes para amanhã.
Há exemplos concretos disso no mundo, como o caso do Japão, que fez da educação básica uma prioridade desde o século XIX. Hoje, apresenta taxas de alfabetização próximas de 99–100% e praticamente toda a população conclui o ensino básico. Ao mesmo tempo, o país é reconhecido internacionalmente por ter um dos menores índices de criminalidade entre as nações desenvolvidas, com alto grau de ordem pública e sensação de segurança nas cidades. Vários estudos apontam que essa combinação – forte cultura educacional, alto nível de escolarização e coesão social – é um dos pilares que sustentam esse cenário.
Assim, quando olhamos para nossa realidade, a mensagem é estratégica e, ao mesmo tempo, profundamente humana – cada criança que não é alfabetizada na idade certa é uma história interrompida, um talento que corre o risco de ser empurrado para a margem. Cada criança alfabetizada com qualidade, ao contrário, é um projeto de futuro que ganha força. É alguém que terá mais instrumentos para dizer “não” à violência, “sim” às oportunidades e “presente” à construção de uma sociedade mais justa.
No Dia da Alfabetização, o compromisso que precisamos renovar é simples e poderoso: nenhuma criança fora da escola, nenhuma criança dentro da escola sem aprender. Alfabetizar bem, com professores valorizados, materiais adequados e políticas contínuas, não é apenas meta pedagógica, é uma escolha de país. É decidir que queremos menos prisões e mais bibliotecas cheias, menos medo e mais cadernos abertos.
Porque toda vez que uma criança aprende a ler, quem dá um passo em direção a uma sociedade menos violenta e mais estruturada somos todos nós.